O filme “Ainda Estou Aqui” reacendeu debates sobre a ditadura militar brasileira e o papel dos artistas naquela época. A trilha sonora, com músicas de Erasmo Carlos e Roberto Carlos, é um dos pontos centrais das discussões. Enquanto Erasmo é lembrado por sua postura combativa, Roberto enfrenta críticas por sua suposta conivência com o regime.
No entanto, biógrafos como Jotabê Medeiros defendem que Roberto Carlos não foi um aliado da ditadura. Ele recebeu uma condecoração do governo Geisel em 1976, mas isso era uma estratégia comum do regime para cooptar artistas populares. O que muitos não sabem é que Roberto Carlos visitou Caetano Veloso no exílio e compôs músicas como “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos” e “Como Dois e Dois”, que são consideradas homenagens veladas ao amigo exilado e protestos sutis contra a repressão.
Outra música que se destaca é “É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo”, uma parceria de Roberto e Erasmo que é vista como um manifesto contra a repressão. A presença dessas músicas em “Ainda Estou Aqui” mostra como os artistas navegavam em um ambiente complexo, com Roberto Carlos equilibrando cautela pública e gestos solidários em um momento de vigilância extrema.