Uma investigação interna da BBC revelou que a emissora falhou em conter uma cultura de abuso homofóbico na rádio local “BBC Radio Cornwall”. O relatório, concluído este ano, aponta que “falhas em nível gerencial e institucional criaram e sustentaram um ambiente no qual o abuso homofóbico foi implícita ou explicitamente tolerado”.
A conclusão foi divulgada durante o julgamento de uma ação trabalhista movida pelo ex-apresentador da BBC Radio Cornwall, Jack Murley, que acusa a corporação de demissão injusta. Segundo a BBC, Murley foi desligado por violar diretrizes de uso das redes sociais, mas o apresentador afirma que sofreu discriminação por ser gay e representante sindical.
Na sua argumentação final, Murley chamou o relatório de “altamente condenatório”. Já a BBC reconheceu no tribunal que houve “tratamento lamentável” em relação ao apresentador, mas negou que isso tenha sido motivado por sua orientação sexual.
O relatório aponta que os responsáveis pelos abusos homofóbicos eram, em sua maioria, ex-funcionários, mas sugere que alguns deles ainda trabalham na emissora. Durante as audiências, a editora-executiva da “Devon and Cornwall”, Emma Clements, admitiu que mensagens em um grupo de WhatsApp da gerência poderiam ser interpretadas como homofóbicas. Ela disse ter confrontado o autor das mensagens de forma privada, mas não apagou os posts.
A investigação surge em meio a uma revisão de cultura organizacional conduzida pela consultoria Change Associates, que deve ser concluída no próximo ano. A BBC mantém que sua política de diversidade e inclusão proíbe qualquer tipo de discriminação ou assédio.
Um porta-voz da emissora informou que, devido ao andamento do processo, não comentará detalhes sobre possíveis sanções aos envolvidos.
O caso de Murley será julgado no próximo ano, quando o juiz trabalhista Alastair Smail dará seu veredicto.