A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (27), o projeto de lei que inscreve Carolina Maria de Jesus, escritora e uma das figuras mais importantes da literatura negra brasileira, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A proposta, apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), agora segue para análise no Senado, marcando mais um passo no reconhecimento do impacto cultural e social de Carolina.
Carolina, que nasceu em Minas Gerais e viveu na favela do Canindé, em São Paulo, ganhou notoriedade com seu livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960. A obra, que alcançou sucesso internacional ao ser traduzida para 13 idiomas, trouxe uma visão impactante sobre a vida nas periferias brasileiras, denunciando desigualdades sociais sob a perspectiva de uma mulher negra e marginalizada.
A relatora do projeto, deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), enfatizou a relevância de Carolina como símbolo de resistência e transformação. Ela destacou que o legado da escritora transcende a literatura, fortalecendo a luta por justiça social e o combate às desigualdades no Brasil. Para Erika Hilton, autora da proposta, Carolina é um exemplo de superação e de contribuição cultural mesmo diante das adversidades.
Apesar do reconhecimento amplo, a iniciativa enfrentou críticas de alguns parlamentares, como o deputado Bibo Nunes (PL-RS), que alegou uma suposta “banalização” do Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Ainda assim, a aprovação foi celebrada como uma vitória na valorização da diversidade e como um tributo à luta de Carolina e de tantas outras mulheres negras brasileiras.
A inclusão de Carolina Maria de Jesus no Livro dos Heróis e Heroínas, mantido no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, destaca seu papel fundamental na formação da identidade nacional. Sua obra permanece como um testemunho de força e resiliência, inspirando gerações a enfrentar as desigualdades e buscar a transformação social.